A incorporação de drogas orais para câncer vai onerar as operadoras, o que tornará os planos cada vez mais inacessíveis à população de menor renda
As drogas orais anticâncer que serão incluídas a partir
de janeiro de 2014 no novo rol de coberturas obrigatórias das operadoras de
planos de saúde são mais modernas, mais eficazes, provocam menos efeitos
colaterais, mas são mais caras, o que deverá provocar aumento nas mensalidades
dos planos.
Cada
caixa de capecitabina (Xeloda), indicada para o tratamento de câncer de mama
metastático, por exemplo, custa em média R$ 2,5 mil. Já a caixa de acetato de
abiraterona (Zytiga), usado para câncer de próstata, custa R$ 11 mil. O
gefitinibe (Iressa), para câncer de pulmão, custa cerca de R$ 4 mil. Os três
remédios estão na lista dos que terão de ser fornecidos pelos planos no ano que
vem.
Ainda
fazem parte do novo rol outros 33 medicamentos orais indicados para 56 tipos de
câncer, entre eles de próstata, mama, leucemia, linfoma, pulmão, rim, estômago e
pele.
Arlindo
Almeida, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), diz
que a entidade vai cumprir as novas normas, mas afirmou que a incorporação de
drogas orais para câncer vai onerar as operadoras, o que tornará os planos cada
vez mais inacessíveis à população de menor renda. A Federação Nacional de Saúde
Suplementar (FenaSaúde) informou que ainda não é possível avaliar o impacto das
novas incorporações.
O
professor aposentado Albert James Kascheres, de 70 anos, luta contra um câncer
de próstata desde 2001 e teve de ir à Justiça para ter acesso ao Zytiga – droga
que usa há 2 anos. Ele fez 45 sessões de radioterapia e usou um remédio
injetável que se tornou ineficaz. A única alternativa para manter a qualidade de
vida seria o Zytiga.
“Pedi
para o plano, que recusou alegando que não tinha a obrigação de fornecer porque
essa é uma droga oral. Por três meses, eu comprei o remédio por conta, mas era
caro demais. Não podia mais esperar. Se não fosse a liminar, não sei como eu
estaria hoje”, afirmou.
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